Não quero falar das paixões que envolvem dois sexos.
Não quero limitar a vida a um pulso sanguíneo.
Não quero trazer o toque para o eterno.
Não quero resumir a vida às paixões bem sucedidas.
Estou aqui falando de fracassos.
Desses que vejo todo dia.
Os fracassos de anos atrás, os fracassos de ontem...
Nada me toca mais do que os fracassos.
A dor do fracasso é dilacerante, torna todo o resto sem
sentido.
Fracassar é pros fortes e o amar é pros fracos?
Ou amar é pros fortes?
Me disseram que o negócio é perdoar.
O ponto é que quando não há amor, só os fracassos aparecem.
Eles aparecem como cenas de filmes inesquecíveis. Aparecem
com atores da vida real, encenando apenas o que o roteiro imaginário pode
reproduzir. Real ou não, as cenas aparecem. Oras menores, oras maiores, nunca
da mesma proporção de que de fato aconteceram.
A intensidade do fracasso tem um dom engraçado... Ele sabe
acompanhar exatamente a proporção do amor.
Quanto maior você lembra do amor, maior a sensação de
fracasso.
Quanto melhor o abraço, maior a dor de ter fracassado.
É por isso que não falo mais de amor.
Meu otimismo me fez olhar pro lado menos sombrio...
Porque mais sombrio do que o fracasso, é a dor de sentir falta daquele
abraço.